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800 anos do presépio

O amor de Deus se revela na simplicidade de um menino que se apresenta numa simples manjedoura. Deus se fez pequeno por nós. Assim nos ensina a amar os frágeis.

No Natal de 1223, São Francisco de Assis criou o primeiro presépio da história. Na cidade de Greccio, ele reuniu pessoas que representaram o nascimento de Jesus.  Segundo o primeiro biógrafo de São Francisco, Tomás de Celano, daquele presépio do Natal de 1223, “todos voltaram para suas casas cheios de inefável alegria”.  A Igreja considera que com a simplicidade daquele gesto, São Francisco realizou uma grande obra de evangelização.

O amor de Deus se revela na simplicidade de um menino que se apresenta numa simples manjedoura.  Deus se fez pequeno por nós.  Assim nos ensina a amar os frágeis. Jesus é colocado numa manjedoura, que, em latim, se diz praesepium, donde vem a nossa palavra presépio.  A manjedoura é o cocho onde se coloca comida para os animais.  Estamos diante de uma pobreza que enriquece o homem. O apóstolo Paulo nos diz que Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre por nós, para que por meio de sua pobreza nos tornassem ricos (2 Cor 8,9).  A verdadeira riqueza encontra-se nas coisas de Deus, nos seus mandamentos (Mateus 19,18) e não nos bens materiais e perecíveis do mundo (Lucas 12,21).  Portanto, o presépio de Belém nos convida a encontrar Jesus nos irmãos e irmãs mais necessitados (Mateus 25, 31-46).

O menino Jesus da manjedoura é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem.  Deus se fez verdadeiramente homem permanecendo verdadeiro Deus.  Em latim se diz : “Id quod fuit remansit et quod non fuit assumpsit” = “Ele permaneceu o que era, assumiu o que não era”, canta a liturgia romana.  No presépio, Deus, que por natureza é invisível, se tornou visível aos nossos olhos. Jesus quer dizer, em hebraico, “Deus salva”.  Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens.  A Bíblia nos diz que “não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (Atos dos Apóstolos 4,12). Cristo vem da tradução grega do termo hebraico “Messias”, que quer dizer “ungido”. Jesus é o Cristo pois “Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder” (Atos dos Apóstolos 10,38).

Encontramos também no presépio as três figuras dos Reis Magos. Estes reis, representantes das religiões pagãs, vieram adorar a plenitude da revelação divina. A adoração dos Reis Magos fala da universalidade salvífica de Jesus Cristo. De acordo com as explicações do Papa Francisco, os presentes que estes Reis Magos oferecem a Jesus (ouro, incenso e mirra) têm também um significado alegórico: o ouro honra a realeza de Jesus; o incenso, a sua divindade; a mirra, a sua humanidade sagrada que experimentará a morte e a sepultura (Papa Francisco : Carta Apostólica  ADMIRABILE SIGNUM nº  9 – sobre o significado e valor do presépio -).

“Queridos irmãos e irmãs, o presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé. A partir da infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está conosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria.  E educa para sentir que nisto está a felicidade. Na escola de São Francisco, abramos o coração a esta graça simples, deixemos que do encanto nasça uma prece humilde: o nosso “obrigado” a Deus, que tudo quis partilhar conosco para nunca nos deixar sozinhos” (Papa Francisco: Carta Apostólica  ADMIRABILE SIGNUM nº  10 – sobre o significado e valor do presépio -).

Por Luís Eugênio Sanábio e Souza – escritor / VaticanNews