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A Paróquia da Trindade realiza a primeira etapa do Curso para Leitores

No último sábado (27/08), a Paróquia da Trindade realizou um encontro de formação para leitores da Palavra. Confira um resumo da formação e algumas fotos:

A Liturgia significa serviço, ação, obra, dirigidos e a serviço do povo. Os leigos participam em outros ministérios, com animação da comunidade e da liturgia, pastorais sociais, ministério extraordinário do Batismo e da distribuição da Comunhão Eucarística, da Palavra, das Exéquias e a função de Assistentes Leigos do Matrimônio. Dentre os ministérios existentes*, temos o ministério dos Leitores da Palavra, instituído por Paulo VI (Ministeria Quaedam, 1972).

Confira mais fotos aqui

 

A Palavra

Com a Liturgia da Palavra, reavivamos o diálogo da aliança entre Deus e Seu povo, recebemos orientação para nossa vida, estreitamos nossos laços de amor e fidelidade com Deus.

Nossa atitude antes de proclamar a Palavra é primeiramente de escuta atenta e amorosa para que Deus possa falar dentro da realidade concreta de nossa vida. Por meio de nossos gestos, pelo tom de voz, pela postura e atitudes diante da mesa da Palavra, do Livro, da nossa maneira de olhar e de se dirigir à assembleia, pela humildade, convicção e compromisso com a Palavra – é que Deus fala!

Quando nos abrimos à Palavra, estamos nos abrindo ao Mistério de Salvação, transmitido pela Palavra divina. Por ela, devemos ser convertidos, iluminados e santificados. Ela tem a missão de fecundar a vida da pessoa que a recebe, ser uma bênção e formar testemunhas. Jesus Cristo é o centro da Escritura. Tudo se orienta para Ele.

 

A Liturgia da Palavra

O Rito ou Liturgia da Palavra é a segunda parte da missa, e normalmente são feitas três leituras extraídas da Bíblia: em geral um texto do Antigo Testamento, um texto do livro dos Salmos, um texto do Novo Testamento e um texto do Evangelho de Jesus Cristo, respectivamente.

Primeira Leitura.

Extraída do Antigo Testamento para demonstrar que ele já previa a vinda de Jesus e que Ele mesmo o cumpriu (cf. Mt 5,17). De fato, não poucas vezes os evangelistas citam passagens do Antigo Testamento, principalmente dos profetas, provando que Jesus era o Messias que estava para vir (ver Jo 5,39).

Salmo Responsorial.

Também é retirado da Bíblia, quase sempre (em 99% dos casos) do livro dos Salmos. Muitas comunidades recitam-no, mas o correto mesmo é cantá-lo. Por isso uma ou outra comunidade possui, além do cantor, um salmista, já que muitas vezes o salmo exige uma certa criatividade e espontaneidade, uma vez que as traduções do hebraico (ou grego) para o português nem sempre conseguem manter a métrica ou a beleza do original.

Segunda Leitura.

Tem como costume usar textos do Novo Testamento, das cartas escritas pelos apóstolos (Paulo, Tiago, Pedro, João e Judas), mais notadamente as escritas por São Paulo. Esta leitura tem, portanto, como objetivo, demonstrar o vivo ensinamento dos Apóstolos dirigido às comunidades cristãs.

 

Proclamação da Palavra

Através da leitura, Deus quer falar pessoalmente com o seu povo reunido. “Presente está pela sua Palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja, isto é, na comunidade reunida” (S.C. n.7).

Proclamar não é ler. É preciso proclamar a leitura como Palavra de Salvação, como Palavra que liberta, dá vida e ressuscita, que nos chama à conversão e à comunhão com Deus e com os irmãos. A Palavra transmitida pela leitura deve atingir os ouvintes e fazer brotar do coração uma nova profissão de fé.

Para que Deus seja percebido por meio das Escrituras, depende da comunicação, da compreensão, do trabalho a ser feito pela equipe de liturgia, preparando os leitores e preparando o povo.

O leitor não fala em seu próprio nome. Ele empresta sua voz a Deus para que Ele possa falar. Fala a Palavra de Deus. Por isso a preparação é importante. Não é suficiente ler bem. O proclamador vai além de simples leitura. Medita a Palavra antes, deixa a Palavra penetrar na sua vida. Quando lê na celebração, as palavras não saem de um texto frio, mas do calor de seu coração.

“Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos Nele” (Lc 4, 20).

Para poder transmitir a Palavra contida na leitura e atingir com ela a assembleia ouvinte, é necessário que o leitor conheça e entenda aquilo que está lendo.

“’Compreendes o que lês?’ Perguntou-lhe Filipe. E ele respondeu: ‘Como poderia compreender, se não há quem me explique?’ (…) Filipe tomou a palavra e, partindo deste texto da Escritura, anunciou-lhe a boa nova de Jesus” (Ver Atos 8, 26 – 40).

 

Preparando a Liturgia da Palavra

1 – Conheça bem o texto:

Em que ambiente está se passando? (no deserto, na cidade, no meio da multidão) Quais os personagens? O que sentem? Como se relacionam? Há palavras difíceis no texto? Use o dicionário. Se for preciso, troquem as palavras difíceis por outras equivalentes, conhecidas pelos ouvintes (por exemplo: em Jo 15, troquem “videira” por “parreira”.). Tentem perceber as várias partes da leitura (a introdução, o final, o ponto alto…) etc.

2 – Sintonize com o texto:

Ou seja: reconhecer-se dentro do texto, identificar-se com algum personagem ou com a situação narrada no texto. Pergunte-se: Isto já aconteceu conosco? Isto serve para nós? Isto diz respeito à nossa realidade? Qual a mensagem de Deus para nós nesta passagem da Bíblia? Vejam também a relação da leitura com a festa litúrgica e com as outras leituras. Pergunte: por que será que foi escolhida esta leitura?

3 – Treine a expressão do texto:

Grife as palavras mais importantes e a frase principal. Marque as pausas e os silêncios. Procure o tom de voz que combine com o gênero literário do texto. Dar ênfase nas palavras mais importantes. Preste atenção ao ritmo que mais combina com cada parte do texto (depressa, mais devagar, freiando ou acelerando). Cuide da respiração, aspirando pelo nariz e sem fazer barulho. Cuide da dicção, pronunciando bem cada palavra, cada sílaba. Diga o texto algumas vezes em voz alta.

4 – Faça da leitura uma meditação, uma oração:

“Guarde a palavra no coração”, como fez Maria. “Mastigue” a Palavra, como fez Ezequiel. Aprenda de cor as passagens mais significativas e repita-as várias vezes ao longo do dia, meditando-as. Comece a preparar a leitura de Sábado ou Domingo no início da semana; assim terá o tempo necessário para assimilar melhor a palavra no coração e na vida.

 

Aspectos práticos

– O microfone pode ajudar, como pode estragar. É preciso aprender a usá-lo. Ver o volume, distância da boca, etc. Deixar sempre alguém responsável pela regulagem é fundamental. Testar antes de iniciar a Missa.

– Observar bem a pontuação: a vírgula, o ponto final, o ponto de interrogação, exclamação, bem como os sinais gráficos: o hífen, a reticências, aspas, dois pontos, parênteses.

– Evitar so-le-trar ou gaguejar, ou ainda fazer a leitura correndo. Evitar a leitura com dentes cerrados (é preciso abrir bem a boca e pronunciar todas as letras). Evitar cabeça baixa. É preciso se comunicar com os olhos.

– Não indicar uma pessoa qualquer para fazer a leitura ou pegar um leitor de improviso, a não ser em grupos menores.

Procurar despertar o povo para ouvir a proclamação da Palavra e ler sempre do lecionário ou da Bíblia.

 

Em resumo…

– Fazer com que “os fiéis, ao ouvirem as leituras divinas, concebam no coração um suave e vivo afeto pela Sagrada Escritura” (IGMR, 110).

– Fazer com que os leitores possam mergulhar no “Mistério celebrado”, e assim assumirem uma atitude de reverência e responsabilidade.

– Formar testemunhas da palavra que se proclama! (ver: Jo 4,39-54).

 

*Tipologia dos ministérios:

1. Ministérios reconhecidos: Ligados a um serviço significativo para a comunidade, mas não permanente, podendo desaparecer, de acordo com as circunstâncias.

2. Ministérios confiados: Conferidos por algum gesto litúrgico, ou alguma forma canônica.

3. Ministérios instituídos: Conferidos pela Igreja através de um rito litúrgico chamado instituição. Paulo VI instituiu os ministérios de Leitor e de Acólito (Ministeria Quaedam, 1972).

4. Ministérios ordenados: Quando o carisma é, ao mesmo tempo, reconhecido e conferido ao seu portador através de um sacramento específico, o sacramento da Ordem.