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Estudos Bíblicos – 2º encontro – Formação do povo de Israel

No segundo encontro do Curso Estudos Bíblicos, a Profa. Silvia Togneri nos falou sobre como se formou o povo de Israel nos seus primórdios e a sua organização em tribos.

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Devemos lembrar que cada texto encontrado na Bíblia Sagrada teve sua origem em um fato que, por ser importante na história do povo, foi lembrado muitas vezes, contado de pai para filho e celebrado em ocasiões especiais para que não se perdesse. Somente muito tempo depois, esse mesmo fato tornou-se texto escrito e chegou até nós.

No livro do Êxodo, capítulo 20, Moisés relata ao povo, no pé da montanha, o Decálogo. O Decálogo é o coração da Lei mosaica e conserva o seu valor na nova Lei: Cristo relembra seus mandamentos aos quais se acrescentam, como o selo da perfeição, os conselhos evangélicos. (Mc 10, 7-21).

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As principais hipóteses para a FORMAÇÃO DO POVO DE ISRAEL são, pelo menos, três:

1. Ocupação violenta: através de três ou quatro campanhas militares, lideradas por Josué, considerando ainda que a união das tribos se deveu ao fato de haver algum parentesco entre elas – todas tinham um ancestral comum: Abraão.

Alguns relatos encontram-se no livro de Josué e Juízes e apresentam contradições sobre a forma da conquista da terra, tendo sido um processo longo e difícil que só foi concluído no tempo do rei Davi.

2. Ocupação progressiva e pacífica: através de uma lenta e progressiva infiltração e ocupação das tribos seminômades, vindas de regiões semiáridas ou das estepes. Esses grupos, aos poucos, foram se estabelecendo em terras cultiváveis. Seria um exemplo dessas migrações o caso de Abraão e Sara (Gn 12, 1-9; 13, 1-4).

3. Insurreição de excluídos: esta hipótese propõe a unidade das tribos como resultado de uma rebelião contra os reis de Canaã. Aos camponeses fugitivos se juntaram outros grupos empobrecidos, vindos das estepes e de fora de Canaã, inclusive o grupo vindo do Egito. Não há relatos da insurreição dos camponeses de Canaã porque o escriba do rei não tinha interesse em guardar a memória subversiva de rebeliões populares contra os reis.

O TRIBALISMO

Aconteceu num período de aproximadamente 200 anos, de +/- 1.200 aEC (antes da Era Comum – ou AC Antes de Cristo) até +/- 1.025 aEC.

No Tribalismo, o povo era governado e orientado por juízes e uma juíza, os quais procuravam liderá-los e procurar manter a fidelidade do povo de Israel ao Senhor que os libertou da opressão do Egito.

As tribos foram lideradas pelos filhos de Jacó e os dois filhos de José, Manassés e Efraim. Levi, o terceiro filho de Jacó, não recebeu terras, pois deveria se dedicar às leis.

Cada tribo, por sua vez, se subdividia em vários clãs ou associações protetoras das famílias. Cada clã era composto de aproximadamente 50 famílias. A família era a unidade básica, em média com 50 pessoas, composta dos maridos, esposas, filhos e filhos, parentes próximos. Era na família que se comemorava a Páscoa.

 

No sistemaIMG_0163 tribal:

– Havia a autonomia na produção de bens;

– Não havia tributação, nem acúmulo de bens, seja em terras, seja em produtos;

– A produção era, fundamentalmente, de cereais e de gado pequeno, isto é, ovelhas e cabras;

– A acumulação era proibida em vista do bem comum (leia Ex 16, 1-30). Partilha era a palavra de ordem e acontecia em grandes festas.

Segundo Ildo Bohn Gass, neste novo modelo social:

– Não havia rei, não havia palácio, não havia burocracia hierarquizada. Havia uma sociedade igualitária, baseada na solidariedade mútua e organizada a partir da base, das famílias aparentadas que se articulavam em clãs e estes, por sua vez, em tribos. Leia Nm 1, 1-46.

Também Jesus condenou o acúmulo de riquezas, pois sabia que, se há sobra em algum lugar, é porque há falta em outro (leia Mt 6, 19!). Será diferente hoje?

O TRIBALISMO É O PROJETO DE JAVÉ!

Bibliografia

BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo, Paulus, 2004.

Gass, I. B. (Org.), CEBI – Uma introdução à Bíblia – Formação do Povo de Israel. 5ª. Ed. São Leopoldo: CEBI-Centro de Estudos Bíblicos, 2004.

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