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Indulgência da Porciúncula ou Perdão de Assis

Depois de receber o perdão de Deus no sacramento da Confissão, o fiel se liberta da “pena eterna” do seu pecado que é o afastamento para sempre de Deus (inferno). Ficam, porém, certas marcas na alma do pecador, das quais ele precisa se libertar num processo de penitência e santificação. Deus perdoou a “culpa”, mas o pecado deixou sequelas no pecador. Essas marcas ou sequelas são chamadas de “penas temporais”. A Mãe Igreja, desejando a santificação de seus filhos, sai em socorro deles com suas orações e preces diante de Deus. Indulgência é a oração da Igreja pedindo que seus membros sejam libertados das conseqüências danosas que o pecado deixa. (…) As indulgências são uma ajuda que a Igreja nos dá no processo de conversão: pela oração eclesial a graça de Cristo atua para nos libertar dos apegos e dependências que o pecado provoca em nós impedindo-nos a uma total abertura para o Cristo. Esta oração, a Igreja faz não somente pelos vivos, mas também pelos defuntos.

No dia 2 de agosto será celebrado em todas as paróquias franciscanas o Perdão de Assis, ou, a Indulgência da Porciúncula. A origem desta graça está ligada à história da pequena Porciúncula, lugar predileto de São Francisco. Trata-se de uma pequena capela, verdadeiro berço da família franciscana, que se encontra atualmente dentro da Basílica Santa Maria dos Anjos, em Assis.

A Porciúncula, pequena capela que fica dentro da Basílica de Santa Maria dos Anjos em Assis.
A Porciúncula, pequena capela que fica dentro da Basílica de Santa Maria dos Anjos em Assis (foto atual).
Basílica de Santa Maria dos Anjos vista de fora, que abriga em seu interior a pequena Porciúncula.
Basílica de Santa Maria dos Anjos vista de fora, que abriga em seu interior a pequena Porciúncula.

No passado entendia-se por Porciúncula uma outra realidade. Era uma região pantanosa e caracterizada pela presença de bosques que se localizava na planície sudoeste de Assis ocupando alguns quilômetros. No meio desta planície existia uma capela dedicada à Virgem, sob a denominação de Santa Maria dos Anjos, ou, devido à região, Santa Maria da Porciúncula. São Francisco foi para este lugar e viu que aquela capela estava abandonada. Então ele passou a morar ali e restaurar a capela.

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Interior da Porciúncula
Porciúncula.
Exterior da Porciúncula

A Porciúncula era o lugar predileto de São Francisco. O santo homem amou este lugar mais do que os outros lugares do mundo; pois ali ele começou humildemente, ali ele progrediu virtuosamente, ali ele terminou de maneira feliz, e na morte recomendou aquele lugar aos irmãos como o mais caro à Virgem. Na Porciúncula, a jovem Clara de Assis se consagrou ao Senhor pelas mãos de Francisco. Ali São Francisco também costumava reunir seus frades para elaboração e estudo dos Capítulos da Ordem. Dali, os irmãos partiam em missão. Quando percebeu que a irmã morte já estava bem próxima, o São Francisco pediu para ser levado até a Porciúncula.

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São Francisco e seus irmãos da Ordem, na Porciúncula

Um dos documentos mais conhecidos sobre a Indulgência da Porciúncula é o ‘Diploma do Frei Teobaldo, Bispo de Assis’ (1296 a 1329). Neste documento, datado de 1310, ele relata que numa certa noite na Porciúncula São Francisco recebeu uma revelação segundo a qual deveria se dirigir ao papa Honório III que estava na vizinha cidade de Perúgia para pedir-lhe a mencionada indulgência. Essa revelação se deu em uma noite, quando Francisco estava compenetrado na oração e na contemplação na igrejinha da Porciúncula, perto de Assis, quando, repentinamente, a igrejinha ficou repleta de uma vivíssima luz e Francisco viu sobre o altar o Cristo, e à sua direita a sua Mãe Santíssima, circundados de uma multidão de anjos. Francisco, em silêncio e com a face por terra, adorou a seu Senhor. Perguntaram-lhe, então, o que ele desejava para a salvação das almas. A resposta de Francisco foi imediata: “Santíssimo Pai, mesmo que eu seja um mísero pecador, te peço, que, a todos quantos arrependidos e confessados, virão a visitar esta igreja, lhes conceda amplo e generoso perdão, com uma completa remissão de todas as culpas”. O Senhor lhe disse: “Ó Irmão Francisco, aquilo que pedes é grande, de coisas maiores és digno e coisas maiores tereis: acolho portanto o teu pedido, mas com a condição de que tu peças esta indulgência, da parte minha, ao meu Vigário na terra (Papa)”.

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A visão de São Francisco

No dia seguinte Francisco correu apressadamente para alcançar tão grande privilégio para aquela pequenina igreja que tinha sido restaurada por ele há pouco tempo. O papa perguntou a São Francisco por quantos anos ele queria aquela indulgência. A resposta foi: “Que vossa santidade não me conceda anos, mas almas… quereria, se assim vos aprouver, que todo aquele que vier a esta igreja, confessado e contrito, seja absolvido de todos os seus pecados, da culpa e da pena, no céu e na terra, desde o dia do batismo até a hora em que entrar nesta igreja”. O papa explicou ao santo que não era costume da cúria romana conceder um privilégio como esse. Mas como São Francisco afirmava que estava ali não por iniciativa própria e sim como um enviado do Senhor, o papa atendeu o pedido do santo.

Desde então, todos os que visitarem a igrejinha da Porciúncula, em Assis, podem receber a indulgência, desde que confessem seus pecados, comunguem da Eucaristia e rezem pelo Papa. Em 1622, o Papa Gregório XV estendeu esta grande indulgência a todas as Igrejas da Ordem Franciscana. O Papa Bento XV, em 16 de abril de 1921, estendeu esta indulgência do Perdão de Assis a todos os dias do ano, in perpetuo, mas somente na Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis.

De maneira importante, esse ano a Igreja comemora o oitavo centenário de São Francisco de Assis, com um grande Jubileu do Perdão, em “feliz e providencial” concomitância com o Jubileu extraordinário da Misericórdia convocado pelo Papa Francisco, de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016.

Como receber esta indulgência?

1 – Confissão sacramental – por este sacramento o fiel arrependido de seus pecados recebe a graça do perdão;
2 – Comunhão eucarística – o fiel comunga o Corpo do Senhor para se unir mais profundamente a ele;
3 – Oração pelo Papa – com uma oração espontânea ou pelo menos com um Pai nosso e Ave Maria o fiel reza pelo Papa e por suas intenções;
4 – Praticar a obra indulgenciada – visitar piedosamente uma igreja paroquial ou um santuário no dia 02 de agosto e rezar nela o Credo, o Pai nosso e a Ave Maria.

Atenção! Esses gestos devem exprimir uma verdadeira atitude interior de conversão para que a graça possa atuar em nós. Portanto, aproximemo-nos do Senhor com um coração contrito e arrependido para receber aquele dom que São Francisco pediu em favor de todos os pecadores.

Celebração da Indulgência da Porciúncula na Paróquia da Trindade – Programação:

01 de agosto: Missa da Vigília da Indulgência da Porciúncula às 19h30.
02 de agosto: Confissões ao longo do dia; escalas de oração; visita à Nossa Senhora dos Anjos; Missa da Indulgência da Porciúncula às 19h30.

Fonte: Freis Capuchinhos e Rádio Vaticana