A caridade e o respeito aos direitos humanos como fatores para uma vida plena foram os temas centrais do IV Encontro de Rede da Ação Social da Trindade, realizado na manhã desta sexta-feira (25), na Paróquia da Trindade, em Florianópolis. O evento, com palestras do Frei Evandro Aparecido de Souza e do juiz João Marcos Buch, reuniu aproximadamente cem participantes com participação da Ação Social Arquidiocesana, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
O encontro começou com uma missa em ação de graças da Rede de Projetos AST (Ação Social Trindade), às 8h. Na sequência, foi feito o credenciamento e oferecido café da manhã para todos os participantes.
O primeiro a palestrar foi o Frei Evandro, que discorreu sobre o tema ‘Caridade: Igreja a serviço da vida plena para todos’. Pároco da Trindade e presidente da Ação Social da Trindade, ele discorreu sobre a importância da prática da caridade como forma de amor ao próximo.
“Todo ser humano tem direito a uma vida plena. A caridade não é somente doar, fazer uma doação. A caridade também é traduzida pelo amor, um amor descompromissado, ajudar alguém sem esperar nada em troca”, afirmou. “A caridade me obriga a sair de mim mesmo e ir ao encontro de outras pessoas, daquele que sofre, daquele que necessita”.
Usando a Parábola do Bom Samaritano, Frei Evandro lembrou aos presentes que a caridade está fundamentada nos próprios ensinamentos da bíblia. “O que nos leva à caridade é a Palavra de Deus. A fé cristã está centrada na capacidade de amar a Deus e ao próximo. A falta de caridade nos impede de ver as outras pessoas”, disse.
O segundo a falar no IV Encontro foi o juiz João Marcos Buch, da Vara de Execução Penal de Joinville, com o tema ‘Vida plena para todos: cidadania e direitos humanos – as interfaces e a efetivação da dignidade humana’.
“Estamos vivendo tempos difíceis. Há muita crítica em relação aos direitos humanos, dizem que serve para proteger bandido, que não se importa com as vítimas. Não é isso. Os direitos humanos são uma instituição histórica conquistada com muita luta e que ainda são violados em todas as áreas, em especial a do sistema prisional”, disse Buch.
Ele relembrou a história da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, na esteira do fim da Segunda Guerra Mundial, que provocou a morte de milhões de pessoas. “A Declaração foi um compromisso da humanidade com as gerações futuras para que nunca mais haja um holocausto”, disse. “Houve um genocídio e muitas mortes ocorreram dentro da legalidade”.
O juiz criticou ainda a forma desumana como a maior parte dos detentos tem sido tratada em presídios e penitenciárias de todo o país, e afirmou que é possível entender as razões e trabalhar em cima das causas da violência, impedindo assim que os jovens venham a se perder na criminalidade.
“A Constituição Federal de 1988 garante a proteção aos direitos humanos de todos”, ressaltou ao magistrado.
Em Joinville, ele ajuda a desenvolver dois projetos no sistema prisional local: um de remição da pena por meio da leitura e outro de oficina literária. A ideia é ajudar a recuperar os detentos. “Vidas são transformadas por meio da literatura”, disse Buch.
Após as palestras, foi aberto espaço para questionamentos e debate. O encerramento do evento ocorreu com almoço de confraternização.