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17 de setembro: Estigmas de São Francisco

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No dia 17 de setembro a família franciscana celebra a festa litúrgica da impressão das chagas do Seráfico pai São Francisco. Esta antiga festa, aprovada pelo papa Bento XI (1303-1304), faz memória daquele fato miraculoso ocorrido no Monte Alverne em 1224.

A última ida de São Francisco ao monte Alverne se deu no final do verão de 1224. Sendo grande devoto de São Miguel, o santo pai se dirigiu ao Alverne para fazer mais uma quaresma em honra deste arcanjo.

Um antigo escrito franciscano chamado de “Considerações sobre os Sacrossantos Estigmas” registra uma oração que o santo pai Francisco dirigiu a nosso Senhor Jesus Cristo enquanto estava retirado no Alverne:

“Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que me faças antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora de tua arcebíssima paixão; a segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores” (Considerações dos Estigmas 3).

“Dois anos antes de devolver sua alma ao céu, permanecendo ele no eremitério que pelo lugar em que estava situado se chama Alverne, viu, numa visão divina, um homem à semelhança de um Serafim que tinha seis asas, o qual pairava acima dele com as mãos estendidas e com os pés unidos, pregado à cruz. Duas asas se elevavam sobre a cabeça, duas se estendiam para voar, duas enfim cobriam todo o corpo. E o bem-aventurado servo do Altíssimo, ao ver isto, enchia-se da mais profunda admiração, mas não sabia o que esta visão queria significar. Também rejubilava-se muito e alegrava-se mais intensamente pelo benigno e gracioso olhar com que percebia era olhado pelo Serafim, cuja beleza era demasiadamente inestimável, mas embaraçava-o completamente a crucifixão e a crueldade da paixão dele. E assim, ele se levantou, por assim dizer, triste e alegre, e a alegria e a tristeza alternavam-se nele. Pensava solícito o que poderia significar esta visão, e o espírito dele ficava muito ansioso para captar o sentido inteligível dela. E como não percebesse nada dela com inteligência clara e como a novidade desta visão se apoderasse do coração dele, começaram a aparecer-lhe nas mãos e nos pés as sinais dos cravos, à semelhança do homem crucificado que pouco antes vira acima dele” (1Celano 94).

“Depois que o verdadeiro amor de Cristo transformou o amante na própria imagem, tendo completado o número de quarenta dias, de acordo com o que decretara, sobrevindo também a solenidade do Arcanjo Miguel, Francisco, o homem angélico, desceu do monte, trazendo consigo a imagem do Crucificado, não esculpida em tábuas de pedra ou de madeira pela mão de um artífice, mas desenhada nos membros de carne pelo dedo do Deus vivo” (Legenda Maior 13,5).

Como eram os estigmas de São Francisco

“Suas mãos e os pés pareciam traspassados no meio por cravos, aparecendo as cabeças dos cravos na parte interior das mãos e na superior dos pés, e saindo as pontas deles do lado oposto. E aqueles sinais eram redondos na parte interna das mãos e longos na parte externa, e aparecia um pedaço de carne como se fosse ponta dos cravos, retorcida e rebatida, que surgia da carne restante. Assim também nos pés os sinais dos cravos foram impressos e sobressaíam da carne restante. Igualmente, o lado direito fora como que traspassado por uma lança, ficando fechada uma cicatriz, e dele muitas vezes jorrava sangue, de modo que sua túnica e os calções, muitas vezes, ficavam molhados com o sangue sagrado” (1Celano 95, 1-4).

São Francisco desejava que aquelas sagradas chagas ficassem sempre ocultas:

“O homem de Deus escondeu-as como pôde, até à morte, não querendo manifestar em público o sacramento do Senhor, embora não conseguisse escondê-las totalmente, sem que pelo menos se tornasse manifesto aos companheiros que tinham familiaridade com ele.

Mas, depois de seu felicíssimo trânsito, todos os irmãos que estavam presentes e um grande número de seculares viram de modo muito evidente o seu corpo ornado com os estigmas de Cristo. Pois percebiam em suas mãos e pés, não certamente as perfurações dos cravos, mas os próprios cravos compostos de sua carne” (Legenda dos Três Companheiros 69,6-70,1-2).

“Quão poucos, enquanto vivia o servo crucificado do Senhor crucificado, mereceram ver a sagrada chaga do lado! Mas feliz foi Elias que, enquanto o santo vivia, de algum modo mereceu vê-la; mas não menos feliz foi Frei Rufino que a tocou com as próprias mãos. (…) Com muito empenho escondia estas coisas dos estranhos, ocultava-as com muita cautela dos mais próximos,de modo que os irmãos que estavam a seu lado e eram devotíssimos seguidores por muito tempo as ignoraram” (1Celano 95, 5-6.9).