Pular para o conteúdo

Frei Rivaldo celebra 26 anos de Sacerdócio, confira entrevista

A Paróquia Santíssima Trindade celebra nesta sexta-feira, 18, 26 anos de vida presbiteral do pároco Frei Rivaldo Vieira (OFMCap). Para comemorar esta data, a Pascom entrevistou o Frei. Confira.

PASCOM: Frei Rivaldo, como você descobriu sua vocação?

FREI: O meu chamado foi a partir da minha inserção na comunidade. Eu sempre fui uma pessoa muito inserida e envolvida em grupos de catequese, pré-adolescência (a famosa “cruzadinha”), grupo de jovens, grupos bíblicos de reflexão. Essa minha inserção fez com que um dia, um líder da comunidade me convidasse para entrar no seminário e eu aceitei o convite.

Eu morava numa comunidade, a Nossa Senhora de Fátima, e quem me atendia era os freis da Paróquia São Francisco de Assis de Umuarama (PR). Então, eu entrei direto em contato com os freis porque esse casal (líder) nos levou (eu e outro colega) até a matriz. Ali conversamos com os freis, na época, Frei Clemente. Ele ainda nos levou até o bispo para conversarmos sobre a vida diocesana. Mas a fala dele sobre São Francisco de Assis e a experiência que eu tinha do atendimento deles como capuchinhos me fez escolher (aos 18 anos de idade) ir para os Capuchinhos.

PASCOM: São 26 anos de sacerdócio religioso pela OFMCap. Quais as graças e desafios de ser um sacerdote Capuchinho?

FREI: São muitas graças. Eu lembro de quando eu estava no retiro de preparação, o Frei João Daniel Lovato disse assim: “vale apena se ordenar, ser padre por uma Missa”, isso me tocou bastante.

Eu penso que, a primeira grande graça, é poder oportunizar que as pessoas recebam a presença de Deus através dos Sacramentos que eu executo, pela graça de Deus.
Outra graça é a capacidade de doação que me traz alegria. É poder viver uma vida doada a Deus e as pessoas, sobretudo, àquelas mais necessitadas.

Uma terceira graça é quando, pelo Sacramento da Confissão, devolvo, ou melhor, Deus devolve para a pessoa a alegria de ser filho de Deus, a alegria do perdão, da comunhão. Esse é um dos Sacramentos que mais me toca como sacerdote. Poder acolher as pessoas nas suas dores, nos seus sofrimentos e, de repente, vê-las alegres, se refazendo, se reconstituindo, se retomando na fé.

Também destaco a graça da vida comunitária. Se fosse pra eu ser um sacerdote sem uma comunidade de base, eu não seria. Por exemplo, eu não seria um padre diocesano para morar sozinho. O que me sustenta e, talvez, seja a grande força capuchinha na minha vida, é a minha base de vida comunitária. Mesmo que os seus desafios sejam grandiosos, mas, o fato de ter alguém com quem eu possa compartilhar alegrias e tristezas, faz com que eu me fortaleça na minha vocação sacerdotal.

A minha primeira vocação é a vida fraterna, a vida religiosa capuchinha e o sacerdócio porque fui chamado para isso. Eu sou e me sinto um capuchinho sacerdote.

PASCOM: Quais as cidades e missões que o senhor viveu sua vida religiosa? Fale-nos um pouco de sua experiência missionária.

FREI: Já rodei em muitas cidadezinhas no Paraná. Aqui em Santa Catarina estou pela segunda vez em Florianópolis e morei em Joinville durante seis anos. Para mim, o espírito da missão exige uma conversão e está voltada para o desapego e o despojamento. Se despojar de coisas para não sair por aí tão carregado durante as mudanças. Se despojar de amizades: pessoas e lugares com quem se apega e, de repente, partir para uma realidade nova. Se desprender de ideias que nos acostumamos diante de um povo e partir para um novo. Então o desafio da missão é um despojar constantemente.

Outra ideia da missão é o serviço. Poder servir não importa onde e para quem. Importa que eu esteja servindo por causa do Senhor. Minha consagração é entrega total para Ele. Aí eu entendo que cada chamado e cada transferência é um desafio novo e uma oportunidade nova que Deus está me dando para eu viver a minha consagração. Por isso, eu não temo nenhum lugar para onde o Senhor me chamar.

Eu acredito que nenhum lugar é difícil para se viver quando se está aberto a amar. Porque você chegando e amando as pessoas, amando o lugar, tudo se conquista, tudo se torna mais fácil.

PASCOM: Relate para nós um fato que marcou sua vida sacerdotal e porque o considera importante?

FREI: Bom, eu trabalhei uma boa parte desses 26 anos da minha vida sacerdotal na formação de novos sacerdotes e freis. Um dos fatos marcantes foi com um de nossos formandos que eu pude acompanhá-lo em todas as fases da formação e, poder ter crescido, com ele, na superação de tantos problemas que ele enfrentou. Ele era de família evangélica, bastante pobre, perdeu o pai ainda muito jovem (o pai vivia na rua e bebia muito), fez a catequese aos 14 anos porque ele mesmo foi procurar a Igreja Católica e ali se sentiu chamado aos capuchinhos. Hoje ele é um sacerdote muito querido dentro da Província. A gente tem uma amizade e uma proximidade muito grande e eu tenho uma grande admiração por ele.

Como sacerdote tenho muitos fatos nos atendimentos de confissões. Situações difíceis na vida das pessoas que, durante a escuta e a orientação, essas pessoas se transformaram.

PASCOM: Em algum momento, já pensou em desistir? Por quê?

FREI: De padre, não, nunca pensei. Eu tive grandes questionamentos na época da formação da vida religiosa pelos conflitos sociais e religiosos da época, principalmente, quanto à vida de inserção da Igreja no meio dos pobres. Isso me fez questionar muito a minha Província para que houvesse um trabalho mais profético e junto aos pobres. Eu fiz projetos nessa área e depois eu tive a graça de poder morar em favela por dois anos e meio.

Me ordenei padre e fiz minha profissão perpétua quando morava em uma favela e foram os melhores anos da minha vida de sacerdote, lá em Londrina (PR). Eu sempre acreditei que Deus estava me chamando pra isso. Até hoje tenho a convicção que Deus me chamou para essa missão e sou feliz.

PASCOM: O que o Frei diria para alguém que está querendo descobrir sua vocação?

FREI: Nunca desista de buscar. Busque com ajuda. Busque alguém que o oriente. Às vezes as pessoas têm muito medo do novo que está pela frente e se acham incapazes de assumir uma vocação como essa porque elas fixam apenas nas forças delas. Esse chamado a vida religiosa e sacerdotal é Deus quem faz e Ele vai dando a graça em cada passo da nossa caminhada. A vocação é de Deus.

Obedeça! Seja obediente a Deus e confie. Faça o discernimento, busque orientação, não resolva sozinho e vá em frente.

SAIBA MAIS:

Frei Rivaldo Vieira (OFMCap) nasceu em 10 de julho de 1967, em Umuarama. É o sétimo filho de José Rafael Vieira e Maria Áurea Vieira, numa família composta por 11 irmãos. Entrou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em 1986, realizou a vestição em 01 de fevereiro de 1991. Professou os primeiros votos temporários em 02 de fevereiro do ano seguinte e a profissão perpétua em 25 de março de 1995. Em 18 de fevereiro de 1996 foi ordenado sacerdote com o lema “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.” (Lc 4,18-19)

Participe da Missa em Ação de Graças
Quando: Sexta-feira, 18/02
Onde: Igreja Matriz da Santíssima Trindade
Horário: Às 19h

Por José Allison Santos
Pastoral da Comunicação
Paróquia Santíssima Trindade