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Igreja Missionária.

“A Igreja peregrina é por sua natureza missionária” (AG 2). Nasceu para ser missionária. Ela não está a serviço de si mesma, mas aberta ao mundo e às nações às quais é enviada pelo seu fundador de quem recebeu o “solene mandato de anunciar a verdade salvadora, até os confins da terra” (LG 17). O espírito missionário vem das primeiras iniciativas de Jesus quando começou a reunir seguidores e formar o grupo que depois se constitui na própria Igreja. “Jesus convocou os doze e lhes deu poder e autoridade… E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar” (Lc 9,1-2). Essa foi a prática constante de Jesus, chamar, preparar e enviar. E antes da ascensão deixou a ordem: “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês” (Mt 28,19-20). Não é um conselho, mas uma ordem abrangente tanto em relação aos destinatários como em relação aos que são enviados. Toda a Igreja, isto é, todos os batizados devem sentir-se responsáveis pela evangelização do mundo. É exatamente isto que afirma o Concilio Vaticano II, no documento Ad Gentes, 35: “Toda a Igreja é missionária e a obra da evangelização é um dever fundamental do povo de Deus”. O Concilio desfaz assim um equívoco histórico que considerava o dever missionário exclusividade da hierarquia e dos religiosos e religiosas. Hoje temos consciência de que todo o batizado é chamado a ser missionário sob pena de não realizar sua vocação cristã. Um outro engano é dividir o mundo em países que são terra de missão e outros considerados definitivamente evangelizados e convertidos. Entendia-se por missão, ir ao meio dos pagãos para converte-los e integrá-los à Igreja. Hoje além de batizar os convertidos é necessário converter muitos batizados. Terra de missão são nossas paróquias, comunidades, famílias e até algumas das pastorais. A praxe tradicional é batizar quanto antes os poucos filhos que nascem. A motivação geralmente é muito fraca e superficial e uma vez desincumbidos desse “dever” sentem-se em paz com a própria consciência e descompromissados. Temos assim uma multidão de batizados não evangelizados. O Papa Paulo VI já analisava e reconhecia essa realidade há mais de trinta anos na encíclica Evangelii Nuntiandi, 20: “Países onde grupos inteiros de batizados perderam o sentido vivo da fé, não se reconhecendo já como membros da Igreja e conduzindo uma vida distante de Cristo e do seu Evangelho”.

“É urgente missionarizar as pastorais. Cada agente de pastoral é, antes de tudo, um missionário, propagador do Evangelho, entusiasmado pelo Reino, apaixonado por Jesus, e cheio de compaixão pelo povo” (Dom Orlando Brandes). É movido por espírito missionário quem tem clareza de ter sido chamado e enviado para servir. Não é movido por esse espírito quem está na liderança por vaidade ou ambição pessoal e não vive a gratuidade. Não é missionária a pastoral voltada sobre si mesma, iludida com atividades e eventos que não evangelizam outras pessoas.

A missão é entendida hoje “não só como implantação da Igreja, mas como serviço ao mundo, ou mais propriamente ao Reino de Deus e à paz”. Na América Latina muitos cristãos, sentem-se comprometidos com a justiça e a libertação humana prestando assim inestimável serviço principalmente aos mais carentes. Inseridos na história estão atentos aos sinais dos tempos procurando interpreta-los à luz do Evangelho.

Paz e Bem!.