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A Via-sacra

Entre práticas de piedade com que os fiéis veneram a Paixão do Senhor poucas são tão queridas quanto a Via-sacra. Por meio dela os fiéis percorrem com afeto participativo o ultimo trecho da caminhada feita por Jesus durante sua vida terrestre; do monte das Oliveiras, onde foi ‘tomado pela angústia’, até o monte Calvário, onde foi crucificado entre dois malfeitores, ao jardim onde foi deposto num túmulo novo, escavado na rocha.

A Via-sacra é síntese de várias devoções surgidas na Idade Média: a peregrinação à Terra Santa, durante a qual os fiéis visitam devotamente os lugares da Paixão do Senhor; a devoção às ‘quedas de Cristo’ sob o peso da cruz, a devoção aos ‘caminhos dolorosos de Cristo’, que consiste na caminha solene e processional de uma igreja a outra em memória dos percursos realizados por Cristo durante a Paixão; a devoção às ‘estações de Cristo’, isto é, aos momentos em que Jesus para durante a caminhada rumo ao Calvário, porque obrigado pelos algozes, ou porque extenuado pelo cansaço, ou porque, movido por amor, procura estabelecer um diálogo com os homens e as mulheres que assistem a sua Paixão

Na prática de piedade da Via-sacra confluem também várias expressões características da espiritualidade cristã: a concepção da vida como caminho ou peregrinação; como passagem, através do mistério da cruz, do exílio terrestre à pátria celeste; o desejo de se conformar profundamente com a Paixão de Cristo; as exigências do seguimento de Cristo, segundo a qual o discípulo deve caminhar atrás do mestre, carregando diariamente a sua própria cruz.

Frei Justino Félix Stolf, OFMCap2ª-Estação